sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo- por que defendo a liberdade de expressão?



A liberdade de expressão, aliada com outros quesitos, como a garantia dos direitos das minorias sociológicas são aspectos primordiais de um regime democrático. Opinar sobre questões políticas, religiosas, morais é um direito de todo indivíduo livre e que exerce os seus direitos como cidadão. A mídia, seja ela tradicional ou social, também tem como garantia o direito à livre-expressão e, além do mais e isso é um aspecto de elevada importância: formar opiniões nas pessoas através de seus discursos, muitas vezes ideológicos. As mídias, assim, veem a sua liberdade enquanto veículo de comunicação sendo garantida.


Apesar da liberdade de expressão ser um direito garantido pela constituição dos países democráticos, há ainda grupos extremistas que são capazes de questioná-la, podemos citar como exemplo a extrema-direita, quando vê críticas relacionadas à sua posição ou grupos fundamentalistas religiosos (vale lembrar que certos grupos de esquerda também não escapam dessa condição). Muitos discutem o que é liberdade de expressão e o que é “libertinagem de expressão”, dizem que há limites para poder se expressar, algo que concordo somente após analisar e muito as circunstâncias. Recentemente, essa discussão veio à tona com destaque após o atentado terrorista ao jornal francês Charlie Hebdo. Vamos analisar mais minuciosamente esse caso.

Terrorista executa friamente policial que fazia a segurança do prédio do Charlie: forte atentado
contra a liberdade de expressão
O fundamentalismo islâmico, assim como o de outras religiões, como o cristão, é caracterizado por uma compreensão literal das literaturas sagradas, bases dessas religiões. Recaindo em um fanatismo sem ordem, esses grupos ao invés de buscarem se defenderem por acordos pacíficos, como os estabelecimentos de diálogos para esclarecer a situação difamatória, repressora ou satírica na qual foram inseridos, buscam por meio da violência atender as provocações. Contrariamente do que muitos pensam não é uma contra-violência, similar a do explorado contra o explorador, e sim uma violência desmascarada, pois, como no caso do jornal francês, uma cartum jamais poderia ser repudiada de tal forma, ou ‘vingado’ como disseram os terroristas, já mortos. Isso é ferir um princípio democrático, esquecendo que um diálogo pode ter mais poder do que a intensidade da explosão de tiros e bombas, atingindo muitas vezes quem estava à parte.


Sócrates foi condenado à morte injustamente devido aos seus ensinamentos, o que contribui para a aversão que Platão possuía em relação à democracia ateniense; Aristóteles precisou sair de Atenas e buscar refúgio; Voltaire teve obras queimadas; Sartre foi ameaçado enquanto protestava em Paris e, também contemporaneamente, cartunistas foram mortos cruelmente. A repressão demonstrou que ela permanece. Até quando o diálogo dará lugar a atos violentos e à ameaça. Até quando o pensamento crítico será reprimido?


Todos nós temos o direito de discordar dos cartuns, mas o dever de reconhecer a necessidade da liberdade de expressão, até porque o direito de discordar também é dado por essa última.


Ficam as minhas considerações.

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