Não podemos negar que
a Copa do Mundo é um megaevento, os investimentos por parte do governo
brasileiro na construção de estádios- as populares “arenas”-, além de
investimentos em turismo a fim de proporcionar conforto aos estrangeiros que
viessem para cá demonstrou muito bem esse grau de grandiosidade. Mas, diferentemente
da Europa e demais países desenvolvidos, as condições sociais do Brasil
acabaram por introduzir uma revolta nas classes que estão à margem do evento,
culminado em protestos que, não apenas agora, mas desde as jornadas de
manifestações de junho de 2013 vêm causando repercussões não apenas na imprensa
nacional, mas na internacional.
As manifestações de
Junho do ano passado apesar de incluírem a revolta contra a Copa das Confederações
que estava sendo realizada, também incluíram diversos fatores de peso em
repercussão como a revolta contra o aumento de vinte centavos nas passagens de
ônibus, que invadiu e tomou conta de vários estados do país, os Black blocks
foram às ruas quebrando o patrimônio público, como os bancos, etc. As revoltas populares aconteceram, mas,
como sempre vem ocorrendo, foram reprimidas à peso pelas autoridades por
intermédio da polícia: a tropa de choque abusou em massa das bombas de gás
lacrimogênio, dos sprays pimentas, dos cassetetes e das balas de borracha. Sem
contar os professores, uma classe que tem apanhado e muito do governo ao ganhar
10 reais pela hora-aula e quando faz greve e vai às ruas protestar por aumentos
de salário e melhores condições de salário, levam como se diz popularmente: “tiro,
porrada e bomba”. É necessário correr da polícia para não ser agredido... Disso
concluo que não se deve falar em ‘melhorias no ensino básico’ sem citar a
questão do salário dos professores, um dos fatores primordiais que garantem uma
educação de qualidade.
A Copa de 2014 e até
que ponto foi a repressão aos protestos?
A Copa de 2014 está
aí e a insatisfação popular é muito maior que a satisfação, as repressões
continuaram e, desta vez, pautadas pela Lei Geral da Copa. Uma lei que limitou
ainda mais a voz da população. Colocou as classes pobres fora dos estádios e
cedeu gastos para proporcionar as melhores regalias para a FIFA. Se o jogador Sócrates estivesse vivo e entrasse em
campo com sua popular faixa na cabeça reivindicando algo, seria expulso do
campo, sem mais nem menos. Aliás, melhor: a Democracia liberal foi vendida à
FIFA em prol de um prazer momentâneo. E mais: o que seria do futebol mundial se
não estivesse pautado pela Fifa? Devemos trazer esse ponto às nossas reflexões.
As manifestações
inteligentes e legítimas devem continuar, sem medos, sem coabição, como as que
ocorreram na antiga estrada Rio São-Paulo e impediram o meu deslocamento para a UFRRJ
na Segunda-Feira e mais: Um protesto é inteligente quando a causa é defendida
tendo por princípio a liberdade, quando se tem pluralidade de pensamento,
jamais apenas repetindo jargões, palavras vazias e, claro, quando a percepção
propriamente dita está acima da percepção imediata.
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