Relembrando
as pesquisas realizadas até aqui, notei que muitos filósofos e pesquisadores,
até mesmo que não são da Filosofia, como os sociólogos, empenharam-se em
pesquisas, congressos e trabalhos para entender a situação da Filosofia aqui no
território nacional. Pareceres e mais pareceres foram apresentados e muito
discutidos. O ensaio de Bento Prado Jr intitulado
“O problema da Filosofia no Brasil”, é mais um a abordar o tema e através do
qual me inspirei para fazer este texto, além de me inspirar nas minhas próprias
experiências com divulgação filosófica, sobretudo nas redes sociais.
Bento Prado Jr. (1937-2007) |
Muitos
já foram capazes de perguntar: por que não há uma ‘corrente de pensamento’ genuinamente brasileira? Ou, outra pergunta clássica: ‘Por que
hoje não surgem mais filósofos como antigamente?’ O professor Bento Prado
discorre que a ideia de uma filosofia nacional recobre habitualmente tanto um
preconceito historicista quanto um preconceito psicologista. Mas, enfim, o que
podemos pensar através desses termos? Remetendo ao historicismo de autores,
entre eles Dilthey, podemos ver que a Filosofia é sempre pensada em forma de um
ciclo temporal sucessivo, isto é, várias filosofias ou correntes filosóficas
que se sucedem no tempo assim como as inúmeras frases que pronunciamos ao fazer
um discurso. Para o autor, isso resulta em uma perda de autonomia em que o
filósofo sempre abordará temas já estabelecidos e, assim, não se diferirá do
ideólogo.
É
óbvio que filosofia e ideologia claramente se diferem, a ideologia é sempre o
que vem pela frente de um discurso ou propaganda, ao contrário do que o senso
comum costuma dizer, e a Filosofia é como a Coruja de minerva de Hegel, levanta
voo ao anoitecer. Mas para Bento Prado essas limitações dadas ao intelectual
embasadas com o formalismo português e a sua pragmática deixam seu trabalho
corriqueiro. Outro ponto que me atiçou foi quando ele ressalta que o filósofo
brasileiro é um consumidor do pensamento estrangeiro, remetendo até mesmo à
antropofagia da obra de Mário de Andrade.
Entretanto,
partindo desse ponto de vista, isso não quer dizer que aqui não há o
Existencialismo, o Marxismo, a Fenomenologia, a Lógica, sim, há! Mas em caráter
de divulgação, onde os pesquisadores brasileiros são apenas consumidores da
produção autenticamente europeia dos séculos precedentes às suas atuações.
Outro ponto, que é de destaque, na análise das perspectivas de dois autores
lusitanos (são eles: João Cruz Costa e Álvaro Vieira Pinto) é o caráter
realista e pragmático exigido sobre o pensador brasileiro em que é fundamental o
engajamento na realidade social e a crítica dela. Na perspectiva pragmática, em
termos de finalidade, podemos verificar a exigência sobre o intelectual de
mudar a realidade em que está imerso. Assim, ocorre toda uma articulação entre
teoria e prática, havendo pouco espaço para a filosofia especulativa no
território nacional, lembrando, claro, da Metafísica.
Entre
as minhas perspectivas, dentro de um país em que até o saber mínimo, o básico,
é precário por parte das pessoas, devido às deficiências da educação, falar
sobre a Filosofia sempre será uma tarefa de coragem, mas, sobretudo, uma tarefa
muito necessária. É preciso atentar, acho importante ressaltar isso, não apenas
falar sobre temas filosóficos, mas, na concepção aristotélica é preciso saber,
e bem, o que a coisa é, é preciso entender a realidade tanto a do próprio
filósofo, a autocrítica, como dos leitores. É preciso estabelecer um diálogo,
uma dialética de igual para igual, remetendo ao legado que Sócrates nos deixou.
Enfim,
fiz este texto para até mesmo abrir mais a janela desta discussão e, como já
ressaltei, é importante a janela do diálogo estar aberta. Quem quiser conversar
mais sobre, estou disponível. É sincero falar que, às vezes, até pensamos na
falta de valorização que enfrentamos, mas isso jamais será um motivo para
desanimar, visto que filosofamos pela exigência do nosso Dáimon.
(Fonte: página pessoal do autor no Facebook).
Compartilhe!
Compartilhe!
Foi frustrante pra mim perceber a inexistência da filosofia brasileira, e perceber que isso ocorre por motivos tortos como o ciúmes acadêmico e pela falta de incentivo para publicação de artigos que citem fontes nacionais. Por isso mesmo criei o FilosofiaHoje.com e vou lançar a Revista Filosofia Hoje que dará espaço prioritariamente para artigos que citem autores brasileiros e também com espaço exclusivo para ensaios... Quem sabe esse será um novo começo para a filosofia nacional ;)
ResponderExcluirSim, Fabio! É bom cada vez mais nos empenharmos para abrir esse espaço filosófico no nosso país. Tenho sempre observado o Filosofia Hoje, admirado e tenho gostado das publicações na página do Facebook e no blog. Vamos sair apenas do "consumo", como relatei no texto. Em frente! ;)
Excluir