terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Qual a utilidade da Filosofia?


Essa pergunta é típica de vários estudantes no Ensino Médio ao ter o primeiro contato com a disciplina. Não respondê-la superficialmente pode ser um grande desafio para muitos professores. Encontrar uma utilidade para um filósofo é um problema que abarca várias áreas: na ciência ele é visto como alguém que pode atrasar o progresso e nas demais áreas ele logo é descartado. A Filosofia ainda é vista como algo que trata de assuntos “surreais” ou “auto-ajuda” e não pode argumentar acerca do método científico, da instauração de um teatro em uma cidade ou sobre assuntos pertinentes à sexualidade, por exemplo.

Desde os meus tempos de Iguaçuano*, escola na qual cursei o Ensino Médio, eu já não dava atenção para estes levantamentos feitos acerca da Filosofia, pelo contrário, dedicava o máximo da minha capacidade de atenção ao conteúdo que estava sendo ministrado e já enxergava importância e utilidade naquilo. E agora, na universidade, senti em maior grau tal utilidade. Você já pode estar se perguntando: Daniel, mas qual é a utilidade? Aceita saber? Então, avante!

O senso comum anda sendo reiterado a todo vigor na nossa sociedade, agravando o falso- moralismo, este que não deixa de ser uma repressão, entre outros males disseminados. As pessoas aderem a ideologias como urubus são atraídos por carne em decomposição. Eis uma função: a Filosofia está justamente aí para mostrar o que se está por trás de tudo isso e muitas vezes ela incomoda, pois as pessoas estão tão presas a tal imposição que logo reagem agressivamente contra o filósofo que traz uma visão crítica. Elas ficam como os prisioneiros do Mito da Caverna de Platão, presente logo no início do livro VII de A República: o filósofo é aquele que se liberta e contempla a realidade, mas ao voltar à caverna para relatá-la aos que ficaram por lá, logo é zombado. Chamo esta função filosófica de despertar- despertar as pessoas a fim de que o mundo não permaneça tomado apenas pela razão instrumental.

Olhe, ainda podemos encontrar uma função e esta é muito digna quanto à primeira: trazer a possibilidade de uma reflexão sobre a nossa própria existência, várias escolas e pensadores se preocuparam com tal questão: Sócrates foi um grande seguidor da máxima do Templo de Apolo, em Delfos, na Grécia: “Conhece-te a ti mesmo!”; Aristóteles em sua Ética Nicomaquéia traçou como podemos atingir a felicidade, que ele chamava de eudaimonia. Contemporaneamente, Sartre sentiu a necessidade de reflexão sobre a existência humana durante o desamparo do período Entre Guerras do século XX, eis o Existencialismo francês.

Tendo em vista os fatos apresentados, podemos concluir que a Filosofia tem sim sua utilidade, ou melhor, suas utilidades. Gostaria de ressaltar por meio disso que a vida é incerta, assim o diálogo e a instrução filosófica são capazes de melhor nos engajar diante de uma situação x, de um infortúnio y. Nem sempre vivemos de mecanicismo imediato.
                                                      
* Escola situada no centro de Nova Iguaçu-RJ.

Compartilhe!
      

2 comentários: