sábado, 12 de abril de 2014

Valesca pensadora: quão ruim é o brasileiro não entender figuras de linguagem?





A polêmica explodiu nos últimos dias, sem mais nem menos: um professor de uma escola de Brasília citou a funkeira Valesca Popozuda em uma questão da prova de Filosofia do Ensino Médio, mas não de qualquer forma, ela era colocada nessa questão 11 como uma “grande pensadora contemporânea”. Surpreendente? Pode ser que sim e pode até ser que não, visto que em um país com problemas há décadas na sua educação básica até mesmo um delinqüente pode ser considerado por certas pessoas desavisadas como um “grande educador”. Mas o problema não é esse e, de fato, recai na reação raivosa da sociedade, ela agiu de imediato, por um cogito pré-reflexivo, digamos, e não compreendeu a ironia utilizada pelo professor Antonio. Sim, ele foi irônico! E você? Percebeu?




Cartum satiriza Azevedo: ele precisa ter aulas com Valesca Popozuda!
É notável que o brasileiro tenha dificuldades com figuras de linguagem e com gramática e não apenas as pessoas consideradas “incultas” entram nesse quadro, mas também jornalistas, isso mesmo! Jornalistas! Reinaldo de Azevedo, colunista conservador da Revista Veja, entrou fundo na revolta contra o professor e por grande fanatismo ideológico esbravejou contra o Paulo Freire, contra o governo do PT, contra as pessoas que a direita chama de “esquerdistas” (basta discordar deles e você já é posto como um). As redes sociais então viraram um mar da polêmica, basta que circulemos pelo nosso feed de notícias no Facebook e vemos uma porção de postagens pró e contra o caso e muitas, muitas informações repassadas de maneira errada, as pessoas precisam acordar.



Manuais pedagógicos recomendam que em aulas de Filosofia o tema tratado seja contextualizado com o cotidiano vivenciado pelos alunos, a fim de despertar o interesse no conteúdo. Esta foi a tentativa do professor Antonio na prova, ironicamente por humor atiçar uma reflexão, pois sabemos que no Ensino Médio o interesse filosófico pode ser nada bom. Algo também que a sociedade está por fora, é que a Filosofia pode abordar quatro tipos específicos de cultura: a erudita, a acadêmica (ou universitária), a popular e a de massas e o funk acopla-se dentro dos dois últimos. Basta que procuremos estudar um pouquinho de Antropologia e tirar da cabeça a noção de que filósofos tratam apenas de temas ‘cultos’ e compõem frases de auto-ajuda para os internautas copiarem e colarem assiduamente pelas redes sociais.


Além da Matemática, aulas de Português não costumam serem bem visadas pela maioria das pessoas e pior de tudo é elas acharem ridículo serem corrigidas quando erram. Seria bom que elas se esforçassem para mudarem essa perspectiva e buscarem aprender muito bem figuras de linguagem: sinédoque (pois nem tudo é generalização), hipérbole e muita ironia. Mas acabo agora de ser detido: o que fazer se o ensino básico amarga a decadência há décadas!? Desde a ditadura!


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2 comentários:

  1. Meu caro Mota, creio que faço parte desses brasileiros que não entendem as figuras de linguagem, pois não compreendi em que contexto o professor usou, Valesca como grande pensadora, pois mesmo em uma perspectiva irônica, não vi a necessidade de escalar ela, em tal categoria. Concordo com você de que temos vários tipos de cultura : as a erudita, a acadêmica (ou universitária), a popular e a de massas. Porém quando começamos a dizer que algo como funk é uma cultura que deve ser elevado a patamares altos, podemos cair em um erro, pois modismo do Funk hoje, não se faz autossuficiente, para lançar grandes pensadores.

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  2. Meu caro, a tentativa não é de elevar o funk. Podemos não gostar dele, mas isso não o retira da cultura popular e de massas. Leia bem as coisas, estude mais, observe com bastante atenção antes de comentar. Analisando bem você pode alcançar o ponto comum ao texto.

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