Essa
pergunta é típica de vários estudantes no Ensino Médio ao ter o primeiro
contato com a disciplina. Não respondê-la superficialmente pode ser um grande
desafio para muitos professores. Encontrar uma utilidade para um filósofo é um
problema que abarca várias áreas: na ciência ele é visto como alguém que pode
atrasar o progresso e nas demais áreas ele logo é descartado. A Filosofia ainda
é vista como algo que trata de assuntos “surreais” ou “auto-ajuda” e não pode
argumentar acerca do método científico, da instauração de um teatro em uma
cidade ou sobre assuntos pertinentes à sexualidade, por exemplo.
Desde os
meus tempos de Iguaçuano*, escola na qual cursei o Ensino Médio, eu já não dava
atenção para estes levantamentos feitos acerca da Filosofia, pelo contrário,
dedicava o máximo da minha capacidade de atenção ao conteúdo que estava sendo
ministrado e já enxergava importância e utilidade naquilo. E agora, na
universidade, senti em maior grau tal utilidade. Você já pode estar se
perguntando: Daniel, mas qual é a utilidade? Aceita saber? Então, avante!
O senso
comum anda sendo reiterado a todo vigor na nossa sociedade, agravando o falso-
moralismo, este que não deixa de ser uma repressão, entre outros males
disseminados. As pessoas aderem a ideologias como urubus são atraídos por carne
em decomposição. Eis uma função: a Filosofia está justamente aí para mostrar o
que se está por trás de tudo isso e muitas vezes ela incomoda, pois as pessoas
estão tão presas a tal imposição que logo reagem agressivamente contra o
filósofo que traz uma visão crítica. Elas ficam como os prisioneiros do Mito da
Caverna de Platão, presente logo no início do livro VII de A República: o filósofo é aquele que se liberta e contempla a realidade,
mas ao voltar à caverna para relatá-la aos que ficaram por lá, logo é zombado.
Chamo esta função filosófica de despertar- despertar as pessoas a fim de que o
mundo não permaneça tomado apenas pela razão instrumental.
Olhe, ainda
podemos encontrar uma função e esta é muito digna quanto à primeira: trazer a
possibilidade de uma reflexão sobre a nossa própria existência, várias escolas
e pensadores se preocuparam com tal questão: Sócrates foi um grande seguidor da
máxima do Templo de Apolo, em Delfos, na Grécia: “Conhece-te a ti mesmo!”; Aristóteles
em sua Ética Nicomaquéia traçou como
podemos atingir a felicidade, que ele chamava de eudaimonia. Contemporaneamente,
Sartre sentiu a necessidade de reflexão sobre a existência humana durante o
desamparo do período Entre Guerras do século XX, eis o Existencialismo francês.
Tendo em
vista os fatos apresentados, podemos concluir que a Filosofia tem sim sua
utilidade, ou melhor, suas utilidades. Gostaria de ressaltar por meio disso que
a vida é incerta, assim o diálogo e a instrução filosófica são capazes de
melhor nos engajar diante de uma situação x, de um infortúnio y. Nem sempre
vivemos de mecanicismo imediato.
* Escola situada no centro de Nova Iguaçu-RJ.
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Muito bem, Daniel!
ResponderExcluirValeu, Lucas! Compartilhe! Abração!
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