"A felicidade é a anestesia da vida". Posso
dizer que formulei essa frase espontaneamente enquanto navegava pela Internet
em uma manhã de Domingo. Claro, houve influências remotas da ética
aristotélica, inclusive pelo fato de eu estar estudando Ética I no segundo
período de Filosofia, o qual eu cursava na época. E, além do mais, influência
do Existencialismo marcado por minhas vastas leituras de Sartre. Certamente
muitos não conseguem compreender quando eu faço a ligação de um suposto
"efeito anestésico" da felicidade relacionado à vivência ou,
utilizando-se de Heidegger, do Dasein.
O homem é um ser livre para realizar suas escolhas e
se fazer como bem entender, mas desviar-se da facticidade é uma ação fora de
seu alcance. O factual permeia a nossa existência, isso sem dúvidas, posso dar
inúmeros exemplos: o olhar inesperado dos Outros quando estamos andando pelas
ruas ou quando chegamos a um lugar, um acontecimento que nos conduz de imediato
à alegria ou à tristeza, a educação que adquirimos, etc., etc. Bem, após essas
explanações estamos bem próximos de esclarecer o que é essa
"anestesia" à qual me refiro. Vejamos:
O personagem Roquentín, de "A Náusea", o
primeiro romance Sartriano que trouxe à tona os princípios da reflexão
filosófica da França do século XX retrata bem o que eu relato: um historiador
que transcende um lugar à outro para realizar pesquisas acerca da vida de um
homem chamado Rollebon. Mas, que ao longo de sua vasta aventura como
pesquisador, da biblioteca aos cafés parisienses e às ruas tem grandes
experiências acerca de sua existência, como ser-no-mundo, seu desamparo emerge,
vem à tona, eis aí a náusea, título da obra. Viver feliz em um contexto como
dele é estar fortemente anestesiado
É assim, meus caros leitores, que vocês devem compreender
o que expresso com anestesia no meu aforismo. Devido a ele já recebi elogios,
Fico feliz por também consegui abordar esse tema fora do tom 'auto-ajuda', que
alguns infelizmente acham que é a Filosofia. Vejo isso como um bom retorno
tanto das minhas vastas leituras de Sartre como das aulas de Ética I que
assisti durante o meu 2º período de Filosofia na UFRRJ. Sem mais.
Compartilhe!
Você ainda tem material escondido sobre essa "felicidade como anestesia da vida"...
ResponderExcluir