Cada um possui um modo específico de enxergar o
mundo. Um modo pautado na religião, na ciência ou em uma filosofia e cada uma
dessas áreas buscaram e buscam explicar uma origem do que foi intitulado
Cosmos: a religião, especificamente neste texto, o Cristianismo, baseia-se na
existência de um Deus criador e nos relatos do livro de Gênesis, na Bíblia; a
Ciência oferece várias teorias para o surgimento do mundo como o Darwinismo ou
Teoria da Evolução ou também o Lamarckismo. Todos que cursaram uma boa escola
sabem do que estou falando. E, a Filosofia, com os pré-socráticos, buscou,
principalmente pelo monismo, estabelecer um elemento principal que deu origem
ao universo: Heráclito estabeleceu o fogo- lembremos que foi em sentido
metafórico, pois o fogo representa a constante mudança- e Tales de Mileto disse
que tudo proveio da água.
Tudo bem. Agora tratemos do caráter da Bíblia e da
teoria científica em questão. A Bíblia é um livro normativo: Deus passou para
Moisés os seus mandamentos para guiar um povo que necessitava escapar da
escravidão do Egito e fixar residência e mais tarde enviou Jesus ao mundo para
reavivar estas normas. Concluímos que a Bíblia trata do Dever- Ser. Darwin, por
sua vez, trabalhou diretamente com o ser e como toda ciência, com fatos
específicos, que foram sujeitos à comprovação ao longo do tempo.
A narrativa moral bíblica é importante para um
estabelecimento sólido da ordem. “Pois qual moral eu devo seguir?” Pensam
alguns. E logo respondem por si mesmos: “eu tenho que seguir uma moral livre da
hipocrisia, aquela instituída por uma criatura que nunca falha, que nunca erra,
enfim, por um Deus altíssimo criador dos céus e da Terra”. Sartre, inclusive
levanta este ponto na conferência “O Existencialismo é um Humanismo” e diz que
a intenção do ateísmo existencialista não é provar que Deus não existe, mas que
mesmo se ele existisse o homem continuaria a necessitar se construir por meio
de seus próprios atos, entrando aí a ideia do cogito cartesiano, e que, afinal,
não haveria uma moral tão superior a não ser aquela constituída por um Deus,
que é puríssimo se comparado com o ser humano, criatura corrompida pelo pecado
original dos tempos de Adão e Eva.
Uma reportagem do ano passado da revista Super Interessante, da Editora Abril,
veiculava o seguinte título “Darwin- o Homem que Matou Deus”. Incorreto demais!
Ok. É claro que o discurso científico dispensa qualquer elemento poético, a
necessidade do Deus criador para ele fica em segundo plano e, assim, ele busca
evidências em fatos, em premissas e hipóteses que fornecem uma devida conclusão.
A preocupação de Charles Darwin não estava em refutar a Bíblia, ou provocar
guerra entre ele e os religiosos do século XVIII e apenas, sim, trazer um
parecer da Ciência, independente, para explicar uma grande interrogação para os
que habitam o mundo, ou seja, o seu surgimento e as origens das espécies.
A Igreja Católica e também o protestantismo nos seus
setores mais intelectualizados já deixaram essa 'briguinha' de lado, porém
temem um mal entendido por parte das camadas populares e assim haja uma
descrença na religião e nos valores ético-morais que controlam o mundo e
acabaram por endossar o que Voltaire falou: “que nós sejamos ateus, tudo bem,
mas que o povo não tenha religião é uma loucura”. Uma boa dose de remédio para
fanáticos religiosos e ateus militantes de Facebook, quanto a essa questão, é
leitura e estudo, acompanhados de um ensino básico de qualidade.
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Sobre o que você falou sobre o título da reportagem da Super Interessante em que dizia “Darwin - o Homem que Matou Deus”: "Incorreto demais!". Acho que quando a revista falou que Darwin matou deus estava se baseando no que Nietzsche disse: "Gott ist tot" (em português "Deus está morto"), que foi escrito por Nietzsche no livro "Assim falou Zaratustra" e em três momentos no livro "A gaia ciência". Em "A gaia ciência" o aforismo completo é:
ResponderExcluir"Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de uma história superior a toda a história até hoje!"
Das interpretações que conheço da máxima do Nietzsche "Gott ist tot" a que eu asseito é: o homem moderno, o homem cientista, matou Deus. Se antigamente eu rezava para passar minha dor de cabeça passar, hoje eu vou ao médico. A partir do momento em que eu faço isso eu estou desautorizando minha reza. Deus ainda pode existir, mas estou colocando ele em segundo plano. É importante saber que ao dizer que Deus está morto não estou dizendo que ele não existe. Um trecho do filme "Quando Nietzsche chorou" fala sobre isso também: http://www.youtube.com/watch?v=BLfrFUeZ8VI
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deus_Est%C3%A1_Morto
http://www.youtube.com/watch?v=Mgr-6_cdSiE (O momento em que se fala sobre a morte de Deus começa aos 21:48 minutos.)
O pálido ponto azul, desconfie da Wikipédia.
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