Durante
toda essa época eleitoral, presenciamos seja na mídia tradicional ou na mídia
social, propagandas com as mais variadas propostas: a esquerda não muito
evoluiu de um discurso arcaico baseado no marxismo da velha guarda, a direita
conservadora fala em uma ‘família tradicional’, mas a explica de forma muito
superficial, mas a defende a unhas e dentes a ponto de levantar discursos
injuriosos quanto às minorias e partidos de centro-direita e centro-esquerda
não escondem que possuem lá seus interesses com os empresários de plantão, isto
é, os banqueiros e os donos de empreiteiras, enquanto o IBOPE comanda a
intenção de votos de muitos através de suas pesquisas. Quanto mais essas
características se acirram, mais difícil fica o ato de votar, aliás, no nosso país
ele não é fácil, pelo contrário, é árduo.
Quando
mais jovem, quando não podia votar, eu, ingenuamente, possuía um entusiasmo
para poder ter esse momento, aliás, qual criança e adolescente não quer ter o
direito de fazer algo que os adultos reverberam? Eu notava que havia uma
necessidade, por minha parte, de interferir no processo através da minha
escolha, mas ficava inviabilizado. Agora, passado um tempo, e tendo atingindo
maturidade mental e também adquirindo maturidade filosófica vi como, de fato, é
um processo árduo a escolha de candidatos, do qual as pessoas tanto reclamavam
quanto a essa tal situação. Recentemente defendo que esse processo acaba
por conduzir a um niilismo, um termo que, como conhecemos, é muito atribuído a
Nietzsche, aludindo a uma “desvalorização dos valores”. “Mas, Daniel, assumir
uma desvalorização diante dos valores das eleições”? Isso não é estranho? Bem,
por mais que tentamos evitar, é impossível não ser tomado por esse “niilismo
eleitoral”, mas vejamos melhor as razões para que ele ocorra.
Já
notamos que a eleição caminha para o chamado “mais do mesmo”: os candidatos de
ponta de tabela nas pesquisas pouco buscam ir ao foco principal de problemas
existentes a serem resolvidos. Peguemos a área da Educação, por exemplo: o foco
é o investimento no ensino técnico, o tão famoso PRONATEC proclamado pelo PT e
não a chave de solução: o salário dos professores, os míseros 9 reais a
hora-aula ou como colocou o candidato Eduardo Jorge, do PV, no último debate,
na Rede Globo: “os dois salários mínimos”, respondendo e muito bem no diálogo
com a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff. A política do Brasil
reflete um exagero na demagogia, na insegurança, nas contradições e muitos
candidatos parecem ter medo de ir mais à frente e, isso, não apenas no cargo de
presidente, para deputado federal e estadual, senador e governador. Como não
assumir uma proposta desvalorizadora dos valores morais e eleitorais levantados
por eles? Impossível! Votar não ficou estritamente como uma escolha de um bom
líder, mas sim uma escolha por gosto, só por simpatia “com a cara” de um
candidato. Fora o fato tão questionado pelas pessoas, até por leitores meus, de
vivermos em uma dita "Democracia", mas todos nós sermos obrigados a
ir às urnas, além da propaganda eleitoral ser veementemente obrigatória. O que
será isso? Uma contradição? Uma má-fé para com os preceitos democráticos? Mas
sabemos que se votar, fosse um ato optativo, provavelmente poucos iriam às
urnas. Essa é uma das respostas! Sabemos!
Alguns
podem objetar que eu, filosoficamente, queira uma utopia, algo raro de
acontecer, visto isso ser um problema sem solução para o país. De fato, é
impossível pensar em um Estado como o elaborado por Platão ao longo dos livros
d’A República, ainda mais quanto à Educação (só a utopia mesmo está resolvendo,
convenhamos) e ao rei-filósofo como governante, a ideia do estado ‘igualitário’
de Marx fica descartada das minhas intenções, pois suas tentativas de
implantação foram para o ralo muitas vezes ao longo da História, basta que nos
movermos para pesquisar um pouco mais sobre o assunto. Mas, que tal pensar em
uma utopia? Devemos ter em mente que mesmo vigorando o que vigora hoje,
politicamente, isso nunca é o ideal? É difícil conceber, na realidade que
vivenciamos, um governante tão virtuoso como o meio-termo de Aristóteles, isso
não podemos negar.
Assim,
negar à adesão ao pessimismo ou desvalorização de valores levantados pela
política não é algo estranho, é até peremptório, decisivo, vejamos às razões
levantadas: às vezes assumimos a postura de Sartre no século XX denunciando
algo que é “burguês”, outras vezes, como Aristóteles, buscamos o meio-termo ou
como Platão, tentamos recorrer à utopia, mas o pessimismo retorna, visto que
ela é inviável. Creio que o leitor também sente isso e que somos obrigados não
a buscar ‘o melhor’ em termos da política, mas o “menos pior”, infelizmente.
organize-se e lute, eleição não, revolução sim
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